Túnel do tempo: Djalma Dias, um mestre da zaga no futebol brasileiro

Carioca, nascido em 21 de agosto de 1939 em família de classe média do bairro Cidade Nova, Djalma Pereira Dias Júnior, conhecido no mundo do futebol como Djalma Dias, quase foi dentista por vontade dos pais, ou engenheiro por vontade própria. Optou pela bola. Levado por Oscar, ex-jogador do América, para o clube carioca, entrou no time infanto-juvenil em 1956, subindo para os juvenis no ano seguinte, categoria na qual chegaria à Seleção Brasileira. Jogava de centromédio (atual volante) ou meia-armador.

No entanto, quando foi lançado no time de cima no início de 1958 pelo técnico húngaro Gyula Mandi, Djalma foi escalado como lateral. Dentro de pouco tempo e da grande rotatividade no comando do time rubro, já havia atuado em todas as posições da linha de defesa. Até ser fixado como zagueiro central por Jorge Vieira, conquistando de vez a titularidade na temporada de 1960, que acabaria entrando para a história do América.

Djalma Dias já era zagueiro do Palmeiras quando fez seu primeiro jogo pela Seleção Brasileira profissional, em maio de 1962. O desafio era conseguir um lugar no grupo de 22 jogadores que viajariam para o Chile no mês seguinte. Não deu tempo. Zagueiro jovem, aos 23 anos já carregava no currículo o primeiro título de campeão do Estado da Guanabara pelo América.

Naquele 12 de maio de 1962, Djalma entrou aos quarenta e dois minutos do primeiro tempo no lugar de Mauro Ramos de Oliveira, que deixou o campo machucado. O Brasil venceu o País de Gales por 3 a 1.

No Palmeiras, ganhou o título paulista de 1963 e o Rio-São Paulo de 1965 – este último título motivou a CBD a pedir ao esquadrão paulista que se vestisse de amarelo para representar o Brasil na inauguração do Mineirão, um amistoso contra o Uruguai. Ali Djalma fez seu segundo jogo pela Seleção, com vitória de 3 a 0.

O terceiro jogo, um amistoso contra a Hungria por 5 a 3, no Pacaembu. Mais uma partida contra o País de Gales, no Mineirão, em 1966. Nova vitória por 1 a 0. E vieram outros adversários. Goleada por 4 a 0 sobre o Peru, 2 a 1 sobre a Polônia.

Quando disputou seu sétimo jogo pela Seleção, era jogador do Atlético Mineiro, por isso foi convocado pelo técnico Biju para um amistoso contra a Argentina, em que a seleção de Minas representou a CBD. Os mineiros venceram por 3 a 2. A história repetiu-se sob comando de Iustrich, no Mineirão. Nova vitória por 3 a 2.

E o sucesso fez com que Djalma fosse uma das feras de João Saldanha, anunciadas no dia da posse do novo treinador Canarinho, em 1969. Com Saldanha, jogou a partir dos primeiros amistosos e Eliminatórias da Copa.

Djalma nunca fez gol com a camisa amarela, mas colecionou glórias por todos os clubes por onde passou, incluindo o Santos de Pelé, com quem jogou entre 1969 e 1970. Ao todo foram 17 partidas de Djalma Dias pela Seleção Brasileira, com 17 vitórias.

Em meados de 1971, voltaria ao futebol carioca, emprestado ao Botafogo para cobrir as ausências de Sebastião Leônidas (seu antigo companheiro de América, que pendurara as chuteiras) e do jovem Osmar Guarnelli (chamado pela Seleção pré-olímpica). Sua experiência se mostraria ainda mais importante quando Brito virou desfalque ao pegar um longo gancho por agredir o árbitro José Aldo Pereira no jogo contra o Vasco pelo Brasileirão.

Se até hoje se diz que Pelé e Garrincha representam uma dupla que terminou invicta a parceria pela Seleção, Djalma Dias fez mais que isso. Ele é o único jogador que venceu todas as partidas jogando pela Seleção Brasileira. O único jogador com 100% de aproveitamento.

No dia 1º de maio de 1990, o futebol brasileiro ficava órfão de um de seus zagueiros mais talentosos ao longo da história. Ele foi vítima de uma parada cardiorrespiratória.

Fonte: Willian D’Ângelo

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