Túnel do tempo: Copa do Mundo de 1966 na Inglaterra

Londres, capital da Inglaterra, era o centro do mundo desde o século 18. Não à toa, o meridiano de Greenwich, a partir do qual o planeta inteiro define leste e oeste, tem seu marco zero passando exatamente pela cidade. Tudo isso era fruto de expansão do império britânico, o único na história a ter territórios em todos os continentes habitáveis – Europa, Américas, África, Ásia e Oceania. No futebol, a Inglaterra também se considerava o centro do mundo. Se há controvérsias quanto à autoria do jogo em si – chineses e italianos tinham jogos semelhantes em épocas remotas – não resta dúvidas de que o futebol de hoje foi desenvolvido e estabelecido nas ilhas britânicas.

Não foi difícil para a Inglaterra usar esse prestígio com o intuito de se tornar o país sede de uma Copa do Mundo, na primeira vez em que se propôs a isso. No congresso da Fifa em Roma, durante os Jogos Olímpicos de 1960, os ingleses apresentaram candidatura. A Alemanha também cogitou concorrer, mas, ao perceber que o presidente da Fifa (Arthur Drewey) era inglês e que outros integrantes dos altos escalões da entidade também eram ingleses, desistiu. No dia 22 de agosto, a Inglaterra, como única concorrente no páreo, foi aclamada sede do Mundial de 1966.

Culturalmente, a Inglaterra voltava a ser o centro das atenções mundiais, em grande parte por causa da “invasão britânica” – grupos de rock como Beatles e Rolling Stones tornavam-se cada vez mais populares e desbancavam os similares norte-americanos mesmo dentro dos Estados Unidos – e da minissaia, peça de vestuário criada em 1965 pela estilista Mary Quant e que revolucionou o mundo da moda.

Como país sede, a Inglaterra não precisou passar pelo funil das eliminatórias, assim como o Brasil, campeão mundial de 1962. Enquanto as duas seleções disputavam amistosos, outras 70 nações se habilitaram para as fases classificatórias. Congo e Filipinas ainda tentaram a inscrição, mas perderam o prazo e ficaram de fora. Guatemala também foi excluída.

O Brasil do técnico Vicente Feola, que contava com nomes como Garrincha, Pelé, Bellini, Jairzinho, Gérson e Tostão ficou no grupo C, ao lado dos europeus Portugal, Hungria e Bulgária. No dia 12 de julho de 1966, na única partida em que Pelé e Garrincha jogaram juntos no mundial da Inglaterra, o Brasil venceu a Bulgária por 2 a 0, com gols deles. Depois o Brasil perdeu para Hungria e Portugal, ambos por 3 a 1.

A final da Copa do Mundo de 1966 foi disputada no dia 30 de julho com a Inglaterra vencendo a Alemanha por 4 a 2. Craque maior da copa, Bobby Charlton é considerado o melhor jogador inglês em todos os tempos. Ele foi um dos sobreviventes da tragédia de Munique – o acidente com o avião do Manchester United, que causou a morte de 23 pessoas, incluindo oito jogadores, em 1958.

VOCÊ SABIA?

Que na última partida do Brasil na Copa de 1966, contra Portugal, disputada no dia 16 de julho, o goleiro do time Canarinho foi Manga, que na época defendia as cores do Botafogo-RJ? Para esse jogo a seleção do Brasil precisava derrotar Portugal por três gols de diferença e entrou bastante mudada, apenas Jairzinho e Lima foram mantidos em relação ao jogo anterior contra a Hungria.

VOCÊ SABIA?

Que o zagueiro Bobby Moore, capitão da seleção inglesa, quase ficou de fora da Copa por problemas burocráticos? A Fifa determinava que só jogadores com contrato em vigor poderiam disputar o Mundial. Moore, que na época vivia um litígio com o West Ham, renovou na véspera do jogo da abertura (Inglaterra x Uruguai), e disputou o torneio sem maiores problemas.

Túnel do tempo

Willian D’Ângelo

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