Flamenguista de coração, morre aos 91 anos o escritor e desenhista Ziraldo

O cartunista e escritor Ziraldo Alves Pinto, faleceu neste sábado, 6, em sua residência no Rio de Janeiro, aos 91 anos. De acordo com informações da família, pai do ‘Menino Maluquinho’ faleceu dormindo, em casa, na Zona Sul do Rio.

Ziraldo Alves Pinto, nasceu na cidade de Caratinga (MG), em 1932. Aos 7 anos de idade, em 1939, ele apresentou seu primeiro desenho no jornal ‘Folha de Minas’ e em 1949 mudou-se definitivamente para o Rio de Janeiro, onde fez carreira.

Ziraldo era torcedor do Flamengo e desenhou, em 1987, mascotes de times brasileiros para a Copa União. A competição foi um torneio organizado pelo Clube dos 13 (Atlético Mineiro, Bahia, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Grêmio, Internacional, Palmeiras, Santos, São Paulo e Vasco) para se ter como Campeonato Brasileiro da época, se sobrepondo À CBF. Para alavancar a competição em termos de marketing, o cartunista Ziraldo foi convidado a desenhar mascotes das equipes brasileiras.

Foi através de uma das obras de Ziraldo que o apelido de “O mais querido” se popularizou entre os torcedores do clube da Gávea. O escritor escreveu o livro “O mais querido em quadrinhos”, além de desenhar a logo da camisa “Eu amo o Fla”, feita e leiloada em 2004 e o valor foi utilizado na construção de dois campos de futebol no Ninho.

Formado em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Ziraldo nunca exerceu a profissão e começou na imprensa em 1954, no jornal ‘Folha da Manhã’. Continuou publicando seus textos de humor na revista ‘O Cruzeiro’ e no ‘Jornal do Brasil’ no início dos anos 1960. Foi nesta época que começou a criar seus primeiros personagens, como Jeremias, o Bom e a Supermãe. Ele lançou a revista em quadrinhos ‘A Turma do Pererê’, que teve 43 edições, com tiragem média de 120 mil exemplares. Mas a publicação foi censurada e impedida de circular pelo regime militar em 1964.

Em 1969 ele foi um dos fundadores do ‘Pasquim’, que usava a ironia fina e o deboche para criticar os militares durante os anos de chumbo, driblando o Ato Institucional nº 5 (AI-5) – no dia seguinte à edição do ato, editado no dia 13 de dezembro de 1968 durante o governo do general Costa e Silva, Ziraldo foi preso em casa e levado para o Forte de Copacabana por ser considerado um ‘elemento perigoso’.

O jornal, que tornou-se um símbolo de resistência, tinha ainda grandes nomes como Tarso de Castro, Jaguar, Sérgio Cabral, Millôr Fernandes, Luiz Carlos Maciel, Henfil, Paulo Francis, Ivan Lessa, Claudius Ceccon e Carlos Prósperi. Apesar da perseguição imposta pelos militares, o ‘Pasquim’ teve 1.072 edições e circulou por 22 anos.

Ziraldo ficou mundialmente famosos por ser o ‘pai’ do ‘O Menino Maluquinho’, um clássico da literatura infanto-juvenil do país – o livro teve 110 milhões de exemplares vendidos -, além de ter criado personagens da ‘Turma do Pererê’, tornando-se um dos escritores infantis mais aclamados do Brasil.

Sua mais conhecida criação, o ‘Menino Maluquinho’, nasceu nos anos 1980 e foi inspirado no filho do escritor. O personagem deu origem ao livro campeão de vendas e ao filme de grande sucesso nos cinemas do país. O livro foi traduzido para o inglês, espanhol, basco, alemão e o italiano e teve adaptações para o cinema, teatro e TV.

Ziraldo parou de produzir textos e desenhos em setembro de 2018, quando sofreu um acidente vascular cerebral (AVC). Seu estúdio, onde trabalhou durante 70 anos, na Lagoa, Zona Sul do Rio, está sendo transformado no Instituto Ziraldo.

Na TV Brasil, os 26 episódios do programa ‘Um Menino muito Maluquinho’ foram apresentados ao longo de 2006. O cartunista e escritor ainda apresentou o ABC do Ziraldo durante cinco temporadas. Foram 189 episódios onde o tema era sempre incentivar jovens e crianças ao hábito da leitura.

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