Mortes de Izquierdo e Serginho separadas por 20 anos, mostram evolução de protocolos no Brasil
Coluna Iomar Japonês – É inevitável a comparação entre as mortes de Juan Izquierdo (Nacional/URU) e Serginho (São Caetano/SP), separadas por 20 anos. As coincidências vão desde envolverem um problema cardíaco num jogo no Morumbi até o fato de ambos terem sido zagueiros. A tragédia de 2004 deixou traumas não totalmente cicatrizados, mas também um legado, que pôde ser visto no atendimento ao atleta uruguaio.
A morte de Serginho foi um marco no futebol brasileiro, um verdadeiro baque. A queda do jogador em campo deu inicio a uma sequência de tentativas desesperadas de socorro, falta de soluções e muita aflição entre os atletas que estavam naquele jogo disputado entre São Paulo e São Caetano na noite de 27 de outubro de 2004. As cenas repercutiram negativamente, e a opinião pública exigiu mudanças.
Vinte anos depois, é possível dizer que elas vieram. Em cerca de 30 segundos, a ambulância já estava no campo. E, quatro minutos após a queda, já levava Izquierdo para o Hospital Albert Einstein, ao lado do Morumbi, na capital paulista.
Entre as mudanças promovidas após o caso Serginho está a obrigatoriedade de duas ambulâncias de suporte avançado (com equipamentos necessários para atendimento e transporte de pacientes de alto risco). Caso uma saia, há outra para que a partida possa prosseguir.
No dia da morte de Serginho, a ambulância estava trancada, o que retardou o atendimento. O jogador foi lavado no carro maca até o automóvel. Para completar, os desfibriladores disponíveis estavam no centro médico do estádio e não eram portáteis. Hoje a obrigatoriedade é haver dois desfibriladores externos automatizados, um em cada banco de reservas.
Nos clubes, também tornou-se obrigatória a documentação de exames cardiológicos antes do registro dos contratos, no caso dos atletas em negociação. Os departamentos médicos precisam enviar à CBF um atestado de que o jogador em questão está em condições de praticar esporte de alto rendimento e elencar cada um dos testes realizados.
Hoje, a cultura de se fazer testes periódicos (ecocardiograma, eletrocardiograma e ergométrico) ganhou força. Desde então, casos de jogadores que encerram ou deram uma pausa na carreira para tratar do coração se tornaram mais comuns. A vida estará sempre em primeiro lugar.
Coluna Iomar Japonês
A coluna é publicada aos domingos no Portal Willian D’Ângelo
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