Brasil x Chile: do Maracanã de Rojas à saudade da geral, um jogo que já não para o país

Já classificada para a próxima Copa do Mundo, que será realizada nos Estados Unidos, Canadá e México em 2026, a seleção brasileira de Carlos Ancelotti, enfrenta o Chile nesta quinta-feira (4), no Maracanã, pela penúltima rodada das eliminatórias Sul-americanas. A última rodada será contra a Bolívia em seu campo, no Estádio Municipal El Alto, no dia 9/9, terça feira.


O Brasil entra em campo amanhã contra o Chile, no Maracanã. É eliminatória, mas poderia ser chamado de amistoso: o Brasil já está classificado, o Chile eliminado. disfarçado de jogo oficial; na memória, lembranças de uma Seleção que já foi do povo. O estádio que já viveu tardes épicas agora será palco de um jogo burocrático, daqueles que a gente assiste na televisão quase por hábito, mais por costume do que por paixão.

E como não lembrar de outra noite, também no Maracanã, em 1989? Eliminatórias para a Copa do Mundo da Itália em 1990. Aquele Brasil x Chile que entrou para a história com Roberto Rojas, o goleiro que simulou ter sido atingido por um rojão, e acabou banido do futebol. Aquela partida não foi apenas um jogo: foi drama, teatro, capítulo inesquecível da memória do torcedor. O Chile nunca mais esqueceu. O Brasil também não.

Mas amanhã será diferente. Nada de clima decisivo, nada de tensão. O Maracanã verá um Brasil sem Neymar, não convocado por questões físicas, e sem Vinícius Júnior, suspenso. O torcedor verá pela TV uma Seleção renovada, de nomes ainda desconhecidos, que não despertam a mesma febre de outrora.

E aqui bate a saudade. A saudade da “geral”, lá embaixo das arquibancadas, onde o povo fazia a festa. Era batuque, bandeirão, grito embolado que vinha das profundezas do
estádio. O Brasil era do povo, e o povo era do Brasil. Hoje, não. Hoje a Seleção se tornou séria, protocolar, distante. O ingresso caro afastou o trabalhador, e o estádio virou vitrine de luxo.

Se antes cada convocação era motivo de orgulho quando o craque do seu time era chamado, a rua inteira comemorava, hoje a reação é quase oposta. Muitos torcem contra, como se a Seleção fosse um time qualquer. Aquele Brasil que pintava as ruas, fazendo competição de ornamentação, que parava repartições, que suspendia até a aula para a criançada ver o jogo, virou lembrança de outros tempos.

Amanhã, o povo vai ligar a TV e assistir. Não haverá o arrebatamento das antigas Copas, mas haverá lembrança. Porque basta o hino nacional tocar, basta a câmera mostrar o
gramado verde do Maracanã, para que a memória desperte. Quem viu a Seleção de outros tempos, quem viveu a festa da geral, das arquibancadas, das cadeiras azuis, vai sentir o peso da saudade, maior que o peso dos sacos de mijos atirados das arquibancadas, fazendo festa na geral.

E, quem sabe, em um lance bonito, em um gol inesperado, o coração não volte a acelerar? O futebol é assim: mesmo quando parece morno, guarda a capacidade de emocionar. O Brasil de hoje já não para o país, mas ainda guarda no peito a chama de um passado que insiste em não morrer.


Pronto falei – Toca o Barco
Josafá Gomes

Josafá Gomes de Sousa é graduado em Publicidade e Propaganda, Jornalista, Pós Graduado em Jornalismo Esportivo, Radialista, ex-Supervisor do Macaé Esporte FC, membro do Conselho Deliberativo do Flamengo-RJ e colunista do Portal Willian D’Ângelo.

O Portal Willian D’Ângelo produz reportagens que têm como objetivo atender às necessidades da sociedade. Aqui você tem tudo sobre esportes, política, economia, curiosidades e muitas outras informações.

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