Coluna Josafá Gomes: a arbitragem brasileira precisa de mais que um grupo de trabalho
Falhas, critérios duvidosos e a ausência de profissionalização colocam o apito em xeque
Diante desse cenário, a CBF anunciou nesta semana a criação de um Grupo de Trabalho (GT) para discutir o que está acontecendo e propor melhorias. A iniciativa é positiva, mas soa como tardia. Não basta apenas criar um grupo; é preciso enfrentar o problema com coragem, transparência e vontade real de mudar.
Um dos pontos mais delicados — e menos discutidos é que os árbitros brasileiros não são profissionais de fato. A maioria exerce a arbitragem como segundo emprego, dividindo o tempo entre o apito e outras funções. Isso influencia diretamente na preparação, no condicionamento e na concentração exigida para comandar partidas de alto nível. E, para piorar, ganham infinitamente menos que jogadores, técnicos e dirigentes mesmo sendo parte fundamental do jogo.
Como cobrar excelência se não há dedicação exclusiva, estrutura adequada e valorização proporcional à responsabilidade? O erro humano existe, mas o erro sistêmico é resultado de uma estrutura amadora dentro de um futebol milionário. O árbitro é cobrado como profissional, mas tratado como coadjuvante.
Se o novo GT quiser realmente mudar algo, precisa encarar a profissionalização da arbitragem como prioridade. É preciso ouvir os clubes, os atletas, os torcedores e os próprios juízes. Uniformizar critérios, simplificar o uso do VAR e, principalmente, valorizar quem carrega o apito. Sem isso, estaremos apenas trocando palavras em reuniões e empurrando o problema para o próximo campeonato.
O futebol brasileiro não pode continuar sendo refém da dúvida, da falta de critério e da desconfiança. A arbitragem precisa de independência, estrutura e respeito.
Porque, no fim das contas, ou o futebol muda a arbitragem ou a arbitragem continuará mudando o futebol.
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Josafá Gomes
Josafá Gomes de Sousa é graduado em Publicidade e Propaganda, jornalista, Pós Graduado em Jornalismo Esportivo, Radialista da 101FM Macaé, ex-Supervisor do Macaé Esporte FC, membro do Conselho Deliberativo do CR Flamengo-RJ e colunista do Portal Willian D’Ângelo.
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