Futebol que virou raridade, com Josafá Gomes

Antigamente, o torcedor ia ao estádio não apenas para ver a bola rolar. Ia para se encantar, para esperar o inesperado: uma caneta ousada, um drible desconcertante, um chute de fora da área que virava poesia. O futebol era espetáculo, era palco e circo, era arte antes de ser estatística.

Hoje, o que se vê em campo é muito mais cálculo do que inspiração. O atleta moderno corre, marca, cumpre função tática com precisão de relógio suíço — mas pensa
pouco, ousa menos ainda. O espetáculo deu lugar ao manual, a jogada ensaiada, à frieza de números que os analistas aplaudem, mas que deixam o torcedor órfão de encantamento.

O gol de falta, por exemplo, virou peça de museu. Zico treinava horas a fio e fazia da cobrança um quadro de arte. Nelinho dobrava a bola no ar como se fosse de papel. Rivelino transformava a barreira em plateia do seu talento. Hoje, quase ninguém se dá ao trabalho: preferem cruzar, esperar um desvio, jogar pelo seguro. O risco do erro superou a ousadia da tentativa.

Mas será que o futebol espetáculo acabou? Talvez não. Talvez esteja apenas adormecido, sufocado pela obsessão tática e pelo medo de arriscar. Porque, de vez em
quando, ainda surge um lampejo: um drible improvável, um chute de longe, um gol de falta raro que nos lembra que o futebol não nasceu para ser cálculo — nasceu para
ser arte.


Enquanto houver quem se emocione com a ousadia, haverá esperança. O espetáculo pode estar em baixa, mas jamais morrerá. Afinal, o futebol só faz sentido quando,
além da vitória, consegue arrancar suspiros e aplausos da alma do torcedor.

Pronto falei – Toca o Barco
Josafá Gomes

Josafá Gomes de Sousa é graduado em Publicidade e Propaganda, jornalista, Pós Graduado em Jornalismo Esportivo, Radialista, ex-Supervisor do Macaé Esporte FC, membro do Conselho Deliberativo do Flamengo-RJ e colunista do Portal Willian D’Ângelo.

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